Chevrolet S10 2017: primeiras impressões

Chevrolet S10 2017: primeiras impressões

Picape ganhou visual inspirado em novos modelos da GM.
Todas as versões estão mais equipadas, mas só há dois airbags.

Chevrolet S10 ganhou visual inspirado na americana Colorado (Foto: André Paixão/G1)

Durante uma das paradas no test drive do lançamento da Chevrolet S10 2017, na região de Ribeirão Preto (SP), um dono de uma S10 da atual geração encosta ao lado dos novos exemplares e pergunta se aquele é o novo modelo. Ao receber a afirmativa como resposta, e depois de “examinar” as novidades, ele dispara: “Esta é a minha oitava S10 seguida. Pelo visto, eu já sei por qual modelo vou trocar”.
Assim como o atento motorista, a S10 possui uma legião de admiradores. Não à toa, o segmento de picapes médias é dominado há 20 anos por ela.
Mas a chegada da nova geração da Toyota Hilux, no final do ano passado, acendeu a luz amarela nos escritórios da General Motors. Desde dezembro, a picape japonesa tem batido a S10 nas vendas mensais.
Para completar, a Ford Ranger foi reestilizada e a novata Fiat Toro que, embora não concorra diretamente com a picape da GM, por ser menor, tem vendido mais. Mas deixar escapar uma liderança de duas décadas não está nos planos da montadora americana, e a Chevrolet acaba de lançar a linha 2017 da S10, que ganha um novo visual dianteiro e interno e passa por pontuais mudanças mecânicas.
A melhor das notícias, porém, é algo que não mudou: a tabela de preços. A GM manteve os valores do modelo que acabou de sair de linha.
Tabela de concorrentes da Chevrolet S10 (Foto: Divulgação)
Chevrolet S10 e a 'prima' americana, Colorado (Foto: Divulgação)Chevrolet S10 e a 'prima' americana, Colorado (Foto: Divulgação)



















Inspiração americana
A atual geração da S10, lançada em 2012, apesar de contemporânea, trazia um visual datado, ainda que mais moderno do que rivais como Mitsubishi L200 e Nissan Frontier têm até hoje no Brasil. A nova reestilização teve como função deixar a picape parecida com a "prima" americana, Colorado.
Assim, a S10 passa a ser uma das picapes com visuais mais modernos da categoria – junto com as recém-lançadas Ranger reestilizada e nova Hilux.
A dianteira foi atualizada de acordo com os modelos mais recentes da GM, o brasileiro Cobalt e os americanos Cruze e Malibu (que ainda chegarão ao Brasil). Isso significa uma grade mais larga, que agora alcança os faróis e possui uma divisão mais clara entre as tomadas de ar, com o símbolo da Chevrolet projetado à frente. As luzes ganharam assinatura da marca em LED e a peça dos faróis está mais afilada.
A outra novidade perceptível é a tampa da caçamba, que agora traz a câmera de ré integrada (nas versões equipadas com tal item). O restante da parte externa da S10 pouco mudou.
Painel da Chevrolet S10, nas linhas 2016 (acima) e 2017 (abaixo) (Foto: Divulgação)Painel da Chevrolet S10, nas linhas 2016 (acima) e 2017 (abaixo) (Foto: Divulgação)







Interior
A cabine também aproveitou a inspiração nos utilitários americanos da GM. O painel é idêntico ao da Colorado e representa uma grande evolução na comparação com o anterior, tanto em desenho, como em qualidade.
O incomum círculo que trazia os comandos do ar-condicionado foi substituído por botões convencionais, em formato mais horizontal. Todo o conjunto, porém, ganhou aspecto de requinte, compatível com as rivais de categoria.
Mais equipada
Todas as versões da picape ficaram mais equipadas. As duas opções mais completas, LTZ e High Country, por exemplo, passam a contar com sensores de luz, chuva e estacionamento dianteiro – itens indispensáveis em um veículo que custa mais de R$ 150 mil. Outra novidade é a chegada do sistema de assistente pessoal OnStar, gratuito por 12 meses. A marca não informou o valor da assinatura após este período.
A versão automática e a diesel mais barata da S10, LTZ, que custa R$ 150.190, desbanca com sobras a Hilux em preço, na versão intermediária (SR), de R$ 152.320. Enquanto a S10 já sai de fábrica com controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, alertas de colisão frontal e mudança de faixa, ar-condicionado digital, central multimídia e retrovisor interno eletrocrômico, a Hilux SR oferece apenas ar-condicionado convencional, computador de bordo e central multimídia.
O deslize é que todas as versões do Chevrolet saem de fábrica apenas com os dois airbags frontais obrigatórios por lei. A Ranger, contemporânea no ciclo de gerações, já oferece bolsas laterais e cortina desde a configuração "de entrada".
E apenas as versões mais caras da S10 trazem os controles de tração e estabilidade – falha também presente na Hilux. A Ranger, por sua vez, traz os equipamentos em todas as versões.
Interior da Chevrolet S10 ficou mais moderno e com acabamento melhor (Foto: Divulgação)Interior da Chevrolet S10 ficou mais moderno e com acabamento melhor (Foto: Divulgação)







Evoluções pontuais
O conjunto mecânico, que passou por mudanças na linha 2015, foi mantido. Apenas o motor 2.4 flex foi aposentado. Seguem em linha o 2.5 Ecotex flex, de até 206 cavalos, e o 2.8 turbodiesel, de 200 cv. Ambos ajudam a S10 a ser a picape mais potente da categoria.
O conjunto de transmissões, manual ou automática, sempre de 6 marchas, também não mudou.
A principal alteração na mecânica foi a troca da direção hidráulica por uma elétrica. A troca também ajudou a picape a ficar 35 kg mais leve. “Mesmo com o acréscimo de equipamentos, conseguimos fazer com que a picape perdesse peso”, afirmou Marcelo Bertocchi, engenheiro da Chevrolet. Além da “dieta”, a S10 está mais silenciosa em 8%, de acordo com a própria GM, graças também à vidros mais espessos.
Outra redução foi no consumo. A Chevrolet diz que a S10 2017 "bebe" até 5% menos do que a 2016. Neste caso, a maior responsável é a aerodinâmica, que ganhou grades, defletores, capota marítima e estribos menos resistentes a rolagem. Pneus verdes também foram adotados.
O Inmetro só fez medições com a versão manual, que registrou 8,8 km/l de diesel na cidade e 10,4 km/l na estrada. Durante o teste, em ciclo rodoviário, o computador de bordo da versão avaliada marcou, em média, 9,6 km/l.
Para deixar o rodar mais suave, a Chevrolet ainda recalibrou toda a suspensão, os amortecedores, molas e coxins hidráulicos, a fim de aumentar o conforto.
Os dois recursos de segurança podem ser desativados. No caso do controle de colisão, ainda existem 3 níveis diferentes de distância para que o aviso seja ativado. No entanto, os sistemas só servem como alertas, e não tomam qualquer atitude caso o motorista não mude o comportamento.
Já existem tecnologias, por exemplo, que fazem o volante vibrar e até corrigem a trajetória de um carro quando o motorista muda de faixa involuntariamente. Também há modelos que freiam sozinhos quando há risco iminente de colisão – tal item será obrigatório nos EUA, inclusive.
Fora isso, a S10 roda de forma mais suave do que a Hilux, sacolejando menos em depressões e rolando menos a carroceria do que a picape da Toyota – a referência no segmento ainda é a Ranger, mais próxima de um veículo de passeio.
Motor 2.8 diesel da S10 não sofreu alterações (Foto: Divulgação)Motor 2.8 diesel da S10 não sofreu alterações (Foto: Divulgação)







O conjunto da S10 anterior, composto pelo motor 2.8 turbodiesel de 200 cv– mesma potência da Ranger – já era consagrado pela robustez e pelo bom desempenho. A direção, antes mais pesada, agora ganhou leveza na medida certa. Realizar manobras na cidade deixou de ser sinônimo de exercício físico para os braços. Por outro lado, na estrada, o volante se torna mais firme, ainda que com certa folga.
O câmbio automático de 6 marchas se comporta bem, e há força em todas as faixas de rotação, graças ao farto torque de 51 kgfm, disponíveis em 2 mil rotações por minuto.
Conclusão
A dianteira que a Hilux tem conseguido nos últimos meses não deve demorar a ser revertida pela S10.
É comum que uma marca reduza o volume de produção de venda de um produto quando ele está para mudar, e foi isso que aconteceu com o modelo da Chevrolet.
Ainda há outros dois motivos para que mais clientes optem pela picape da GM do que pela da Toyota. O primeiro deles é a superioridade do produto. A S10 anda mais e é mais confortável do que a Hilux.
O segundo, e mais óbvio, está na tabela de preços. Nas versões equivalentes, a S10 sempre é muito mais barata. Entre as topo de linha, por exemplo, enquanto a Hilux SRX custa estratosféricos R$ 188.120, a S10 High Country é vendida por R$ 167.490. São mais de R$ 20 mil, suficientes para encher o tanque de 76 litros da S10 com diesel mais de 84 vezes (segundo os preços de SP fornecidos pela Agência Nacional do Petróleo).
Por fim, a melhoria na dirigibilidade da S10 acompanha um movimento entre as picapes, que estão cada vez mais parecidas com veículos de passeio. Ela não apresenta o refinamento da Ranger e da quase-média Toro, mas por outro lado, ainda tem a robustez que esse tipo de veículo exige.
Chevrolet S10 LTZ 2017 (Foto: Divulgação)

Chevrolet S10 High Country (Foto: Divulgação)Chevrolet S10 High Country (Foto: Divulgação)

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